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ADESG PARAÍBA – RADICALISMO: ENTRE A IGNORÂNCIA CULTURAL, A ALIENAÇÃO POLÍTICA E A FALTA DE EDUCAÇÃO CIDADÃ

ADESG PARAÍBA – RADICALISMO: ENTRE A IGNORÂNCIA CULTURAL, A ALIENAÇÃO POLÍTICA E A FALTA DE EDUCAÇÃO CIDADÃ

O Brasil vive, nos últimos anos, uma explosão de discursos radicais que transitam entre o extremismo político e a completa desinformação cultural.

Esse cenário revela uma perigosa combinação: a falta de conhecimento sobre a cultura de países com regimes extremistas, a alienação política crescente e, principalmente, o enfraquecimento da educação enquanto instrumento de formação crítica e cidadã.

Nas redes sociais, é cada vez mais comum vermos jovens e adultos reproduzindo símbolos, frases e atitudes inspiradas em movimentos de países marcados pela intolerância e pelo autoritarismo.

No entanto, poucos têm o conhecimento histórico ou cultural para compreender o que realmente significam essas posturas.

Muitos desconhecem, por exemplo, que alguns desses regimes oprimem mulheres, censuram a imprensa, punem a liberdade religiosa e reprimem a oposição com violência.

Essa desinformação cria um fenômeno preocupante: a romantização do extremismo.

Sem saber exatamente o que estão defendendo, algumas pessoas passam a idolatrar modelos políticos que, se implantados no Brasil, eliminariam direitos fundamentais, como a liberdade de expressão, o direito à manifestação e a diversidade cultural.

A alienação política é outro fator que alimenta esse cenário.

Uma parcela significativa da população, especialmente os jovens, não compreende o funcionamento básico das instituições democráticas, como os Três Poderes, os direitos e deveres civis ou mesmo a importância do voto consciente.

Pesquisas recentes apontam que quase metade dos jovens brasileiros não consegue identificar corretamente o papel das instituições políticas.

Esse vazio de conhecimento abre espaço para que discursos radicais se tornem um modismo.

O radicalismo, então, vira uma “moda social”, com símbolos, hashtags e palavras de ordem que são repetidas sem reflexão, muitas vezes como uma forma de se sentir parte de um grupo ou de parecer “revolucionário” aos olhos dos outros.

Nesse contexto, a educação deveria ser o principal antídoto contra a ignorância e a manipulação ideológica.

No entanto, o que se observa é uma grande falha estrutural.

O ensino público e até o privado, em muitos casos, têm sido incapazes de formar cidadãos críticos, reflexivos e politicamente conscientes.

A verdadeira função da educação vai muito além de ensinar fórmulas matemáticas ou datas históricas.

Ela deveria construir o senso crítico, estimular o debate, ensinar o aluno a analisar fatos, a comparar diferentes fontes de informação e a desenvolver uma consciência ética e social.

Sem esse alicerce, o jovem se torna presa fácil de ideologias rasas, de manipulações virtuais e de discursos extremistas.

Investir em uma educação que promova o pensamento crítico, o respeito às diferenças e o entendimento profundo da realidade política mundial é uma urgência nacional.

Isso inclui desde o ensino fundamental até a universidade, com projetos que incentivem o protagonismo juvenil, o debate democrático e a análise crítica de temas sociais e políticos.

O Brasil precisa urgentemente de uma geração que saiba pensar antes de repetir, que questione antes de compartilhar e que compreenda que o radicalismo, quando nasce da ignorância, não transforma a sociedade para melhor , apenas amplia a intolerância e destrói as pontes de diálogo.

Mais do que nunca, é papel da escola, da família, da mídia e das instituições democráticas estimular o conhecimento real, o debate saudável e a reflexão crítica.

Só assim poderemos combater o modismo do radicalismo e formar cidadãos capazes de construir um futuro mais equilibrado, justo e consciente.

Clerton Franca
Vice-Delegado ADESG Paraíba
Jornalista / Educador
Pesquisa Integrada