Notícias

ADESG ALAGOAS DEBATE O CANAL DO SERTÃO: ENGENHARIA E GESTÃO HÍDRICA

ADESG ALAGOAS DEBATE O CANAL DO SERTÃO: ENGENHARIA E GESTÃO HÍDRICA

O Sertão vai virar mar. Com essa frase emblemática, o engenheiro Francisco Alzir de Lima abriu a palestra ministrada aos estagiários da ADESG-AL, na noite de terça-feira (14). O encontro apresentou detalhes técnicos e históricos do Canal do Sertão Alagoano, um dos maiores projetos de infraestrutura hídrica do Nordeste, além de promover reflexões sobre o papel da engenharia e da gestão pública na transformação social da região.

ENGENHARIA E COMPLEXIDADE DO CANAL DO SERTÃO

Durante a exposição, o engenheiro Francisco Alzir destacou que o Canal do Sertão Alagoano, iniciado em 1992, é uma das mais ambiciosas obras de abastecimento e irrigação do país. O projeto, com 250 quilômetros de extensão, foi concebido para levar água do Rio São Francisco ao coração do semiárido, beneficiando diretamente 42 municípios e mais de um milhão de habitantes.

O sistema conta com 12 bombas principais, cada uma com 2 mil cavalos de potência, responsáveis por elevar a água até a cota de 288 metros, de onde segue por gravidade até o interior do estado. Além da engenharia hidráulica de grande porte, o canal envolve soluções como túneis escavados em rocha, sifões subterrâneos, pontes-canal e estruturas de comportas que regulam o fluxo hídrico e permitem manutenções localizadas.

Segundo o palestrante, o principal desafio atual está na gestão e manutenção da estrutura, que demanda constante monitoramento técnico, controle de vazões e racionalização de custos energéticos. A operação do sistema, agora sob responsabilidade da CASAL, exige alto nível de planejamento e integração entre os órgãos estaduais e federais.

TRANSFORMAÇÃO SOCIAL E DESAFIOS DE GESTÃO HÍDRICA

O engenheiro destacou que, mais do que uma obra de engenharia, o Canal do Sertão é um projeto de justiça social e segurança hídrica, destinado a reduzir desigualdades históricas no semiárido. A chegada da água tem modificado o cotidiano de diversas comunidades, permitindo o cultivo de alimentos, a criação de pequenos polos de irrigação e o fortalecimento da economia local.

Entretanto, Francisco Alzir alertou que “a manutenção do canal e o uso sustentável da água representam um desafio tão grande quanto a própria construção”. A ausência de capacitação técnica local e a falta de projetos de irrigação estruturados limitam o pleno aproveitamento do potencial do sistema. Além disso, o palestrante defendeu que o Estado avance na implementação de tarifas sociais equilibradas, que garantam o uso racional e o financiamento da operação sem inviabilizar pequenos produtores.

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

O evento, realizado no auditório da ADESG-AL, integra o calendário de atividades da turma 2025 do Curso de Estudos de Política e Estratégia (CEPE). A palestra reforçou a importância da formação de líderes públicos e privados capazes de compreender o papel de obras estruturantes como o Canal do Sertão no desenvolvimento regional.

Durante o debate, os estagiários discutiram temas como planejamento de longo prazo, parcerias público-privadas, capacitação profissional e gestão municipal integrada. A conclusão comum foi clara: o sucesso do Canal do Sertão depende da cooperação entre governo, sociedade e academia, para transformar uma infraestrutura monumental em vetor de prosperidade e cidadania para o povo alagoano.