Forremos, em consequência, nosso espírito contra esta nossa possível orientação e, onde quer que estejamos, procuremos, na solução dos trabalhos a nós afetos, a cooperação, a colaboração de todos quantos tenham problemas afins com os nossos. Sejamos propagandistas e executores do trabalho em equipe. Entrozemos, com o pensamento alto, nossas atividades com as dos departamentos que, de qualquer forma, tenham que ver com nossos trabalhos. Discutamos, clara e abertamente, nossas idéias, sem a preocupação delas serem ou não vitoriosas. Refreemos nossos sentimentos pessoais no trato da coisa pública. Sejamos prudentes nas nossas críticas e antes de fazê-las verifiquemos se os meios e o ambiente não justificam uma orientação que antes nos parecia desarrazoável, o que, em absoluto, não significa a ausência da crítica construtora,para nós, – a maior e melhor forma de cooperação.
Sensível a esse quadro, a França, já em 1936 – antes, portanto, da II Guerra Mundial – fundara, por proposta do Almirante Castex, uma instituição voltada ao estudo da complexa problemática: “Preocupado, quase obsessivamente, com o problema que ele chamava da “unidade da guerra”, Castex defendia, com sua reconhecida clavidência, a criação de um instituto superior, onde altos funcionários do Estado e militares da mais elevada hierarquia analisassem, juntos, os problemas de coordenação de todas as atividades que interessassem à Defesa Nacional, já começando a expressão a ter a sua significação moderna: “Defesa Nacional com D maiúsculo”, como dizem os franceses, englobando não somente o tempo do conflito armado, mas, igualmente, os períodos de tensão, e abrangendo, “una e indivísivel”, tanto os aspectos puramente militares, como os aspectos políticos, sociais e científicos.
Iguais preocupações levaram os Estados Unidos da América do Norte, em 1946, à criação do National War College, “que se orientava nitidamente para o problema da preparação para a guerra”, atendendo, evidentemente, às condições então próprias à conjuntura mundial, que assinalavam a existência de sérios e ameaçadores antagonismos entre o Ocidente e o Oriente.
Do admirável conjunto de princípios já citados e que inspiraram a criação da Escola Superior de Guerra, extraiu-se a concepção de um Método de Trabalho, que ela iria perfilhar e que, durante anos de evolução e aperfeiçoamento, constitui uma das suas contribuições à cultura brasileira. Pois o que ela se propõe, em última análise, não é ensinar a resolver problemas nacionais, mas ensaiar um método para o equacionamento desses problemas, através da análise e interpretação dos fatores de toda ordem que os condicionam.