
Os Estagiários da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra em Alagoas (ADESG-AL) assistiram, na noite de ontem, a uma palestra do Delegado da Polícia Federal Polybio Brandão Rocha sobre terrorismo e fundamentalismo religioso. O evento abordou os principais aspectos históricos e conceituais, como também destacou a parte operacional no combate ao extremismo no Brasil, com destaque para a Operação Hashtag, conduzida pela PF durante as Olimpíadas de 2016.
RAÍZES HISTÓRICAS E ARCABOUÇO LEGAL DO COMBATE AO TERRORISMO

O delegado iniciou sua exposição resgatando a evolução histórica do terrorismo, desde suas primeiras manifestações na Revolução Francesa, quando o “Período do Terror” (1793–1794) de Robespierre inaugurou o uso sistemático da violência para fins políticos, até os movimentos anarquistas europeus do século XIX, considerados a primeira “onda” moderna do terrorismo.
Em seguida, explicou as quatro ondas teóricas que marcaram o fenômeno ao longo dos séculos — segundo a doutrina de David Rapoport —: a anarquista, a anticolonial, a de esquerda revolucionária (décadas de 1960 e 1970) e a religiosa ou jihadista, iniciada após a Revolução Islâmica de 1979 e intensificada pelos atentados de 11 de setembro de 2001. Rocha destacou que, “com o avanço das comunicações digitais, o terrorismo deixou de depender de fronteiras físicas, migrando para o campo informacional e psicológico”.
O delegado apresentou ainda a estrutura da Lei nº 13.260/2016 (Lei Antiterrorismo), que define e penaliza atos preparatórios de terrorismo no Brasil. Ele relatou que a Operação Hashtag foi a primeira aplicação prática da lei, resultando na prisão de brasileiros ligados a células extremistas que planejavam atentados durante os Jogos Olímpicos. “A rapidez da resposta e a integração entre a Polícia Federal, ABIN e forças de segurança estrangeiras foram determinantes para neutralizar o risco”, destacou o delegado.
RADICALIZAÇÃO E O PAPEL DA SOCIEDADE NA PREVENÇÃO
Ao abordar o aspecto humano do fenômeno, o delegado Polybio Rocha enfatizou que o terrorismo nasce da intolerância e do fanatismo, mas prospera na ausência de educação crítica e cidadania digital. Ele ressaltou que a internet e as redes sociais têm sido instrumentos eficazes de recrutamento e doutrinação, especialmente entre jovens vulneráveis.
Segundo Rocha, “a desinformação é a nova arma de destruição em massa”. Ele relatou que o fundamentalismo religioso, quando distorcido e manipulado por narrativas de ódio, tem o poder de transformar crenças em justificativas para a violência.
Durante a palestra, os estagiários da ADESG-AL questionaram o delegado sobre como equilibrar liberdade religiosa e segurança pública, tema que gerou reflexões sobre os desafios éticos da investigação digital e da proteção dos direitos fundamentais.
A ADESG COMO POLO DE DEBATE SOBRE DEFESA E SEGURANÇA

